O Festival

 

O ODU – Festival de Arte Negra é um festival interartístico e múltiplo, de cunho nacional, sediado no Distrito Federal, que apresenta em sua programação: Teatro, Cinema, Música, Dança, Feira de Afroempreendedora/es, Artes Visuais, Poesia, Circo, Mímica, Atividades Formativas e Bate-Papos. O festival começou como um sonho de jovens artistas que ansiavam por espaços de reconhecimento e empoderamento de artistas negras/os e público. Esse desejo se consolidou formando o ODU Festival de Arte Negra, projeto colaborativo e independente que tem como intuito gerar espaços de vivência e resistência cultural por meio do afeto, do cuidado, da valorização de vidas negras e do combate ao racismo.

A primeira edição do projeto foi realizada em Julho de 2018, fruto da força coletiva de artistas e produtoras/es negras/os. A edição de abertura contou com a presença de grandes artistas e mobilizou público de diversas localidades do DF, que foram prestigiar o evento na Ceilândia (no Espaço Jovem de Expressão) e na Asa Sul (no espaço Casa da Árvore). Realizamos assim, com muito amor e suor um dos primeiros festivais de Arte Negra realizados em Brasília, tendo em vista a multiplicidade de linguagens e a idéia inicial de ser protagonizado pela cultura e pelo povo negro. O projeto agora é gerido pelo Coletivo ODU, coletivo independente que continua nutrindo esse sonho e trabalhando para que o festival possa alcançar cada vez mais espaços.

Fundamento

ODU (origem: iorubá) caminho, destino possível. Revelação dos signos da divindade iorubana: Ifá, Orunmilá. Trata-se de regência de vida, cada ODU carrega uma infinidade de poemas que tecem um ser-estar no mundo, uma existência, uma multiplicidade de histórias materializadas em encontros. A mitologia dos povos iorubás, da região da África Ocidental, atual Nigéria, apresenta 16 ODUS principais cujas combinações derivam 256 ODUS. Quando falamos das artes e de negras e negros nas artes, quantos ODUS possíveis podemos mirar? Quantos ODUS podem se originar das combinações proporcionadas por encontros de artistas negras e negros? O que essa perspectiva ancestral tem a nos dizer?

Ao pensarmos ODU, percebemos trajetórias, grupos, artistas negras e negros moldando e se modelando existências no mundo a partir de poéticas múltiplas. Qual seria a potência desses encontros?

Nesse percurso – Encruzilhada – cruzamento de caminhos, terra de encontros, oportunidade de agenciar escolhas, de revisitar trajetórias passadas e num movimento presente dar espaço para o novo, para o futuro (é o Movimento que anuncia Sankofa, o símbolo Adinkra). Ali, o tempo, é movimento redivivo, cíclico, e espiralar, e que abandonamos a tripartição do tempo (passado – presente – futuro) para sermos e estarmos na dinâmica da ancestralidade. Anunciamos e evocamos a tradição viva!